TEA, TDAH, TOD, T21: avaliação e intervenção

Conheça o TEA, TDAH, T21 e TOD:

TEA, TDAH, TOD e T21: avaliação e intervenção

As condições do neurodesenvolvimento exigem avaliação cuidadosa, identificação precoce e intervenções planejadas com base nas características específicas de cada quadro. Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) e Síndrome de Down (T21) apresentam sintomas distintos, trajetórias de desenvolvimento particulares e demandas específicas no processo terapêutico e educacional. A atuação integrada entre profissionais da saúde, educação e família é essencial para promover o desenvolvimento global, a autonomia e a inclusão da criança.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por prejuízos na comunicação social e na flexibilidade comportamental, com manifestações que variam em intensidade e forma, configurando um espectro. Os sinais podem ser percebidos nos primeiros dois anos de vida, embora o diagnóstico muitas vezes ocorra mais tarde.

Os sintomas incluem dificuldade em iniciar e manter interações sociais, ausência de reciprocidade emocional, atraso ou ausência da linguagem funcional, ecolalia, uso restrito da comunicação não verbal, apego a rotinas, resistência à mudança, comportamentos repetitivos e interesses fixos. Também são frequentes respostas atípicas a estímulos sensoriais, como hipersensibilidade a sons, cheiros ou texturas.

A avaliação do TEA é clínica e deve ser realizada por equipe multiprofissional. O diagnóstico é feito com base nos critérios do DSM-5 ou CID-11, por meio de entrevistas clínicas, observações diretas e aplicação de instrumentos padronizados como CARS-2, ADOS-2, M-CHAT e escalas de desenvolvimento. O processo avaliativo envolve médicos (neuropediatra ou psiquiatra infantil), psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos e psicopedagogos.

A intervenção exige abordagem estruturada, precoce, intensiva e individualizada. Os programas baseados em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Denver e TEACCH demonstram eficácia no desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas e acadêmicas. A fonoaudiologia atua na aquisição e funcionalidade da linguagem, enquanto a terapia ocupacional trabalha a integração sensorial, coordenação motora e autonomia nas atividades da vida diária. A psicopedagogia atua na mediação da aprendizagem, com estratégias individualizadas que respeitem o perfil cognitivo da criança e promovam a inclusão escolar. A participação da família no processo terapêutico é essencial para a generalização das habilidades.

Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que compromete a autorregulação do comportamento, afetando os mecanismos atencionais, o controle inibitório e o planejamento das ações. Pode se manifestar em três apresentações clínicas: desatenta, hiperativa/impulsiva e combinada.

Os principais sintomas incluem desatenção persistente, dificuldade em manter o foco, tendência à distração por estímulos irrelevantes, esquecimento frequente de tarefas, hiperatividade motora, necessidade constante de se movimentar, impulsividade verbal e comportamental, dificuldade em esperar a vez e agir sem pensar.

O diagnóstico é clínico, baseado em critérios do DSM-5 e na análise do histórico do desenvolvimento da criança. Envolve entrevistas com pais e professores, aplicação de escalas de rastreio como SNAP-IV, ASRS, CBCL e TRF, além de observação direta e avaliação neuropsicológica, quando necessário. O diagnóstico deve ser feito por neuropediatra ou psiquiatra infantil, com apoio de psicólogo e equipe escolar.

A intervenção no TDAH é multimodal e inclui acompanhamento médico, com uso de psicoestimulantes ou medicamentos não estimulantes, acompanhamento psicológico (principalmente com enfoque comportamental ou cognitivo-comportamental), psicopedagogia voltada para o desenvolvimento de estratégias metacognitivas, organização de rotina, treino de atenção e reforço de conteúdos escolares. A orientação aos pais sobre manejo comportamental, uso de reforçadores positivos e estruturação do ambiente também é parte essencial do processo terapêutico.

Transtorno Opositivo Desafiador (TOD)

O TOD é um transtorno do comportamento caracterizado por padrão persistente de humor irritável, comportamento desafiador e atitude hostil dirigida a figuras de autoridade. A manifestação ocorre antes dos 10 anos de idade e interfere significativamente no funcionamento social e acadêmico.

Os sintomas incluem explosões de raiva, birras frequentes, tendência a contestar regras, comportamento provocador, recusa constante em obedecer, baixa tolerância à frustração, rancor, ressentimento e desejo de vingança. A criança com TOD frequentemente responsabiliza os outros por seus erros, desafia figuras de autoridade e apresenta dificuldades no convívio familiar e escolar.

A avaliação envolve entrevistas com pais e professores, aplicação de escalas comportamentais (como CBCL, SNAP-IV e Conners), análise funcional do comportamento e exclusão de causas neurológicas ou transtornos de linguagem. O diagnóstico é clínico e deve ser realizado por psicólogo ou psiquiatra infantil com experiência em comportamento infantil.

A intervenção inclui psicoterapia com foco em regulação emocional, reestruturação cognitiva, treino de habilidades sociais, técnicas de resolução de conflitos e reforço positivo de comportamentos adequados. O trabalho com a família é indispensável, com orientações sobre práticas educativas consistentes e manejo de crises. A psicopedagogia pode contribuir para mediação de conflitos no ambiente escolar, suporte à aprendizagem e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento nas atividades escolares. Em casos com gravidade elevada, o tratamento pode incluir acompanhamento psiquiátrico e suporte medicamentoso para comorbidades como TDAH ou transtorno de conduta.

Síndrome de Down (T21)

A Síndrome de Down é uma condição genética causada pela presença de uma terceira cópia do cromossomo 21. Está associada a um perfil característico de desenvolvimento físico e cognitivo, com ampla variabilidade individual.

As manifestações clínicas incluem hipotonia muscular, atraso motor global, atraso na aquisição da linguagem, déficit de memória de curto prazo, dificuldade de abstração, comprometimento cognitivo leve a moderado, traços físicos como olhos amendoados, orelhas pequenas e pescoço curto. Também são comuns cardiopatias congênitas, disfunções hormonais, alterações visuais e auditivas, além de maior propensão a infecções respiratórias.

A avaliação envolve exame genético para confirmação da trissomia 21 e avaliação funcional multidisciplinar com foco no desenvolvimento motor, linguagem, cognição, habilidades adaptativas e perfil comportamental. A equipe deve incluir médico geneticista, neuropediatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e psicopedagogo.

A intervenção precoce é fundamental para estimular o desenvolvimento global e prevenir atrasos secundários. A fisioterapia atua na hipotonia e na aquisição de marcos motores, a fonoaudiologia estimula a linguagem oral e alternativa, a terapia ocupacional desenvolve habilidades da vida diária e coordenação motora fina, o psicólogo oferece suporte emocional e trabalha aspectos adaptativos, enquanto o psicopedagogo atua na inclusão escolar, no planejamento de atividades adaptadas e na alfabetização por caminhos alternativos. A adaptação curricular e o apoio individualizado são medidas importantes para garantir participação efetiva da criança no ambiente escolar.

Considerações finais

A identificação precoce e a intervenção interdisciplinar são fundamentais para o progresso das crianças com TEA, TDAH, TOD e T21. A articulação entre profissionais da saúde, educação e família amplia as possibilidades de desenvolvimento, autonomia e qualidade de vida. Cada criança apresenta um perfil único e exige um plano de intervenção individualizado, fundamentado em avaliação técnica, escuta qualificada e respeito à sua singularidade. O papel dos profissionais envolvidos vai além da remediação dos sintomas e inclui a promoção de potencialidades, o fortalecimento das relações familiares e escolares e o compromisso com a inclusão plena.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Edit Template

Clínica PsiBaby

“Nosso propósito é proporcionar consultas humanizadas e acolhedoras garantindo um desenvolvimento pleno para os nossos pacientes. ” – Dra Nathalia Silva 

Funcionamento

Seg à Sex de 08h às 19h

Sáb de 08h às 16h

Online de 08h às 19h

Dom e feriados - fechado

Contato e Endereço

Copyright © 2025 Psibaby – Todos os direitos reservados.