Seletividade alimentar em crianças versus alergia alimentar: diferenças, causas, sintomas e tratamentos A seletividade alimentar e as alergias alimentares são condições distintas que impactam a alimentação infantil, mas por razões e mecanismos diferentes. Embora ambas possam provocar preocupação nos cuidadores e levar à rejeição de determinados alimentos, é essencial compreender suas origens, sintomas, formas de avaliação e intervenções para garantir o crescimento saudável da criança e prevenir consequências nutricionais e comportamentais. Seletividade alimentar A seletividade alimentar é caracterizada por uma recusa persistente de experimentar ou aceitar determinados alimentos, especialmente aqueles com determinadas cores, texturas, cheiros ou temperaturas. Trata-se de um comportamento alimentar restritivo, muitas vezes relacionado a fatores sensoriais, psicológicos ou comportamentais. Ao contrário das alergias, a seletividade não está relacionada a uma resposta imunológica, mas a padrões de aceitação alimentar alterados. As causas da seletividade alimentar são multifatoriais. Entre os fatores mais comuns estão a sensibilidade sensorial (comum em crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista), experiências negativas com alimentação (como engasgos ou vômitos), padrões familiares de alimentação, ansiedade infantil, dificuldades de desenvolvimento oral-motor e excesso de pressão ou insistência durante as refeições. Em alguns casos, a seletividade surge durante a introdução alimentar, enquanto em outros aparece na primeira infância, especialmente por volta dos dois ou três anos, quando a criança começa a exercer maior autonomia. Os sintomas da seletividade alimentar incluem rejeição sistemática de alimentos novos ou conhecidos, aceitação restrita a um número limitado de itens, recusa com base em características sensoriais (como cor, cheiro ou textura), episódios de choro, vômito ou recusa extrema durante a alimentação, e preocupação familiar sobre o crescimento ou a nutrição da criança. Em casos mais graves, pode evoluir para transtornos como o ARFID (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo). O tratamento da seletividade alimentar é feito com abordagem multiprofissional. Envolve acompanhamento com nutricionista, psicólogo ou terapeuta comportamental, fonoaudiólogo especializado em motricidade oral e terapeuta ocupacional com formação em integração sensorial. A intervenção busca ampliar gradualmente o repertório alimentar da criança, com técnicas de dessensibilização, exposição repetida, brincadeiras com alimentos, estímulos positivos e reestruturação da rotina alimentar. O papel dos pais e cuidadores é central no processo e deve ser guiado por orientação profissional. A seletividade pode se atenuar com a idade, especialmente se abordada precocemente. Alergia alimentar A alergia alimentar é uma reação adversa do sistema imunológico a proteínas específicas de certos alimentos. Nesse caso, o corpo reconhece a proteína como uma ameaça e libera substâncias químicas, como a histamina, provocando sintomas físicos que podem ser leves ou graves. Diferente da seletividade, a alergia alimentar envolve uma resposta biológica mensurável. As causas da alergia alimentar estão relacionadas à predisposição genética e exposição precoce a determinados alimentos. Crianças com histórico familiar de alergias, dermatite atópica, asma ou rinite têm maior risco de desenvolver alergias alimentares. Os alimentos mais comumente associados a alergias incluem leite de vaca, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, frutos do mar e peixe. Os sintomas da alergia alimentar podem surgir de forma imediata (em minutos ou até duas horas após a ingestão) ou retardada (após várias horas). Entre os sintomas imediatos estão urticária, inchaço dos lábios ou rosto, vômito, diarreia, dificuldade para respirar, chiado no peito e anafilaxia. Nos casos mais leves, os sintomas podem se restringir ao trato gastrointestinal, com distensão abdominal, cólicas ou evacuações alteradas. A alergia alimentar não tratada pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento infantil. A avaliação é feita por alergista ou imunologista pediátrico, com base na história clínica detalhada, exames de sangue (IgE específica), testes de puntura cutânea e, em alguns casos, testes de provocação oral controlada. A exclusão alimentar deve ser feita com cautela e sempre sob supervisão médica. O tratamento da alergia alimentar envolve a exclusão completa do alimento causador, o uso de medicação em caso de contato acidental (como anti-histamínicos ou adrenalina) e acompanhamento com nutricionista para evitar deficiências nutricionais. Em alguns casos, é possível realizar dessensibilização oral, um processo gradual e supervisionado de reintrodução controlada do alimento, com o objetivo de reduzir a reatividade do organismo. A maioria das alergias alimentares infantis, especialmente as de leite e ovo, tende a regredir com a idade, especialmente até os cinco anos. Diferenças fundamentais A seletividade alimentar é um comportamento condicionado, frequentemente relacionado a aspectos sensoriais, psicológicos ou ambientais. A alergia alimentar é uma condição médica, com base imunológica, que exige diagnóstico clínico e cuidados rigorosos para evitar reações adversas. Enquanto a seletividade pode provocar prejuízos nutricionais por recusa de grupos alimentares, a alergia exige a retirada de alimentos específicos por risco de reações graves. Quando iniciar a investigação A investigação da seletividade alimentar deve ser iniciada quando a recusa alimentar persiste por mais de um a dois meses, compromete o crescimento da criança, limita excessivamente a variedade alimentar ou gera estresse familiar recorrente. Já a investigação de alergia deve ser feita sempre que houver reações físicas consistentes após a ingestão de determinados alimentos, mesmo que isoladas. Considerações finais Compreender a diferença entre seletividade alimentar e alergia alimentar é essencial para evitar diagnósticos equivocados e intervenções ineficazes. Ambas as condições exigem acolhimento, escuta ativa dos cuidadores, avaliação profissional e um plano individualizado. A atuação integrada entre nutricionista, médico, psicólogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, quando indicada, favorece o bem-estar da criança, garante a segurança alimentar e fortalece os vínculos familiares durante o processo terapêutico.
TEA, TDAH, TOD, T21: avaliação e intervenção
Conheça o TEA, TDAH, T21 e TOD: TEA, TDAH, TOD e T21: avaliação e intervenção As condições do neurodesenvolvimento exigem avaliação cuidadosa, identificação precoce e intervenções planejadas com base nas características específicas de cada quadro. Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) e Síndrome de Down (T21) apresentam sintomas distintos, trajetórias de desenvolvimento particulares e demandas específicas no processo terapêutico e educacional. A atuação integrada entre profissionais da saúde, educação e família é essencial para promover o desenvolvimento global, a autonomia e a inclusão da criança. Transtorno do Espectro Autista (TEA) O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por prejuízos na comunicação social e na flexibilidade comportamental, com manifestações que variam em intensidade e forma, configurando um espectro. Os sinais podem ser percebidos nos primeiros dois anos de vida, embora o diagnóstico muitas vezes ocorra mais tarde. Os sintomas incluem dificuldade em iniciar e manter interações sociais, ausência de reciprocidade emocional, atraso ou ausência da linguagem funcional, ecolalia, uso restrito da comunicação não verbal, apego a rotinas, resistência à mudança, comportamentos repetitivos e interesses fixos. Também são frequentes respostas atípicas a estímulos sensoriais, como hipersensibilidade a sons, cheiros ou texturas. A avaliação do TEA é clínica e deve ser realizada por equipe multiprofissional. O diagnóstico é feito com base nos critérios do DSM-5 ou CID-11, por meio de entrevistas clínicas, observações diretas e aplicação de instrumentos padronizados como CARS-2, ADOS-2, M-CHAT e escalas de desenvolvimento. O processo avaliativo envolve médicos (neuropediatra ou psiquiatra infantil), psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos e psicopedagogos. A intervenção exige abordagem estruturada, precoce, intensiva e individualizada. Os programas baseados em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Denver e TEACCH demonstram eficácia no desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas e acadêmicas. A fonoaudiologia atua na aquisição e funcionalidade da linguagem, enquanto a terapia ocupacional trabalha a integração sensorial, coordenação motora e autonomia nas atividades da vida diária. A psicopedagogia atua na mediação da aprendizagem, com estratégias individualizadas que respeitem o perfil cognitivo da criança e promovam a inclusão escolar. A participação da família no processo terapêutico é essencial para a generalização das habilidades. Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que compromete a autorregulação do comportamento, afetando os mecanismos atencionais, o controle inibitório e o planejamento das ações. Pode se manifestar em três apresentações clínicas: desatenta, hiperativa/impulsiva e combinada. Os principais sintomas incluem desatenção persistente, dificuldade em manter o foco, tendência à distração por estímulos irrelevantes, esquecimento frequente de tarefas, hiperatividade motora, necessidade constante de se movimentar, impulsividade verbal e comportamental, dificuldade em esperar a vez e agir sem pensar. O diagnóstico é clínico, baseado em critérios do DSM-5 e na análise do histórico do desenvolvimento da criança. Envolve entrevistas com pais e professores, aplicação de escalas de rastreio como SNAP-IV, ASRS, CBCL e TRF, além de observação direta e avaliação neuropsicológica, quando necessário. O diagnóstico deve ser feito por neuropediatra ou psiquiatra infantil, com apoio de psicólogo e equipe escolar. A intervenção no TDAH é multimodal e inclui acompanhamento médico, com uso de psicoestimulantes ou medicamentos não estimulantes, acompanhamento psicológico (principalmente com enfoque comportamental ou cognitivo-comportamental), psicopedagogia voltada para o desenvolvimento de estratégias metacognitivas, organização de rotina, treino de atenção e reforço de conteúdos escolares. A orientação aos pais sobre manejo comportamental, uso de reforçadores positivos e estruturação do ambiente também é parte essencial do processo terapêutico. Transtorno Opositivo Desafiador (TOD) O TOD é um transtorno do comportamento caracterizado por padrão persistente de humor irritável, comportamento desafiador e atitude hostil dirigida a figuras de autoridade. A manifestação ocorre antes dos 10 anos de idade e interfere significativamente no funcionamento social e acadêmico. Os sintomas incluem explosões de raiva, birras frequentes, tendência a contestar regras, comportamento provocador, recusa constante em obedecer, baixa tolerância à frustração, rancor, ressentimento e desejo de vingança. A criança com TOD frequentemente responsabiliza os outros por seus erros, desafia figuras de autoridade e apresenta dificuldades no convívio familiar e escolar. A avaliação envolve entrevistas com pais e professores, aplicação de escalas comportamentais (como CBCL, SNAP-IV e Conners), análise funcional do comportamento e exclusão de causas neurológicas ou transtornos de linguagem. O diagnóstico é clínico e deve ser realizado por psicólogo ou psiquiatra infantil com experiência em comportamento infantil. A intervenção inclui psicoterapia com foco em regulação emocional, reestruturação cognitiva, treino de habilidades sociais, técnicas de resolução de conflitos e reforço positivo de comportamentos adequados. O trabalho com a família é indispensável, com orientações sobre práticas educativas consistentes e manejo de crises. A psicopedagogia pode contribuir para mediação de conflitos no ambiente escolar, suporte à aprendizagem e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento nas atividades escolares. Em casos com gravidade elevada, o tratamento pode incluir acompanhamento psiquiátrico e suporte medicamentoso para comorbidades como TDAH ou transtorno de conduta. Síndrome de Down (T21) A Síndrome de Down é uma condição genética causada pela presença de uma terceira cópia do cromossomo 21. Está associada a um perfil característico de desenvolvimento físico e cognitivo, com ampla variabilidade individual. As manifestações clínicas incluem hipotonia muscular, atraso motor global, atraso na aquisição da linguagem, déficit de memória de curto prazo, dificuldade de abstração, comprometimento cognitivo leve a moderado, traços físicos como olhos amendoados, orelhas pequenas e pescoço curto. Também são comuns cardiopatias congênitas, disfunções hormonais, alterações visuais e auditivas, além de maior propensão a infecções respiratórias. A avaliação envolve exame genético para confirmação da trissomia 21 e avaliação funcional multidisciplinar com foco no desenvolvimento motor, linguagem, cognição, habilidades adaptativas e perfil comportamental. A equipe deve incluir médico geneticista, neuropediatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo e psicopedagogo. A intervenção precoce é fundamental para estimular o desenvolvimento global e prevenir atrasos secundários. A fisioterapia atua na hipotonia e na aquisição de marcos motores, a fonoaudiologia estimula a linguagem oral e alternativa, a terapia ocupacional desenvolve habilidades da vida diária e coordenação motora fina, o psicólogo oferece suporte emocional e trabalha aspectos adaptativos, enquanto o psicopedagogo atua na inclusão escolar, no planejamento de atividades adaptadas
Discalculia vs Dificuldade em Matemática
Discalculia ou defasagem matemática? Aprenda as diferenças: Discalculia e dificuldade em matemática são conceitos diferentes e não devem ser usados como sinônimos. Embora ambos envolvam baixo desempenho em tarefas matemáticas, sua origem, persistência e impacto são distintos. Compreender essa diferença é fundamental para a identificação correta e o direcionamento de intervenções adequadas. Discalculia é um transtorno específico de aprendizagem com base neurológica, que afeta a capacidade de compreender, representar e manipular informações numéricas. Ela se manifesta de forma persistente desde os primeiros anos escolares, mesmo após ensino adequado, e não pode ser explicada por fatores como baixa inteligência, problemas sensoriais, falta de oportunidade de aprendizagem ou questões emocionais. A criança com discalculia apresenta dificuldade para compreender conceitos como quantidade, valor numérico, ordem, sequência, comparação e cálculo mental. Em muitos casos, há prejuízo na memorização da tabuada, na distinção entre operações básicas e no uso funcional da matemática no cotidiano, como ao lidar com dinheiro, tempo ou medidas. Já a dificuldade em matemática é uma condição mais ampla e variável, que pode surgir por diferentes fatores ambientais, pedagógicos ou emocionais. Ela não tem, necessariamente, origem neurológica e pode ocorrer em função de lacunas na aprendizagem, ensino inadequado, ausência de estímulos, ansiedade matemática ou até mesmo por falta de pré-requisitos cognitivos desenvolvidos. A principal diferença é que, enquanto a discalculia persiste mesmo após reforço e intervenção, a dificuldade em matemática tende a ser superada com suporte pedagógico, reforço escolar e estratégias de ensino diferenciadas. Na prática, uma criança com dificuldade em matemática pode demonstrar avanços significativos quando recebe apoio direcionado, uso de materiais concretos, jogos educativos e atenção individualizada. Já no caso da discalculia, os progressos costumam ser mais lentos, exigindo adaptações permanentes, estratégias compensatórias, intervenções psicopedagógicas estruturadas e, em muitos casos, acompanhamento multidisciplinar. É comum que a discalculia esteja associada a outros transtornos do neurodesenvolvimento, como TDAH ou dislexia, enquanto as dificuldades em matemática podem ser isoladas ou relacionadas a contextos específicos, como trocas de escola, traumas, mudanças familiares ou metodologias de ensino inadequadas. Outra diferença importante está no padrão dos erros: na discalculia, os erros são consistentes e refletem uma falha no entendimento dos conceitos matemáticos mais básicos. Nas dificuldades comuns, os erros podem ser esporádicos, incoerentes e relacionados ao conteúdo específico. A avaliação para diagnóstico de discalculia deve ser feita por equipe especializada, preferencialmente composta por psicólogo, psicopedagogo e neuropsicólogo. Os procedimentos envolvem entrevista clínica, observação do comportamento da criança diante de tarefas matemáticas, aplicação de testes padronizados e análise do histórico escolar. É essencial que se excluam causas externas e que se confirme a persistência da dificuldade mesmo após ensino adequado. O tratamento da discalculia envolve intervenção psicopedagógica individualizada, com foco em atividades que desenvolvam noções de quantidade, operações básicas, uso do raciocínio lógico, memória de trabalho e estratégias de compensação. O processo é contínuo e requer adaptações no ambiente escolar, como tempo adicional em provas, uso de calculadoras, organização do espaço e apoio visual. Já no caso da dificuldade em matemática, o suporte pode incluir reforço escolar, adaptação de conteúdos e acompanhamento emocional, dependendo da origem da dificuldade. Em resumo, a discalculia é um transtorno de aprendizagem com base neurobiológica, que impacta diretamente o processamento numérico e exige intervenção especializada. A dificuldade em matemática, por sua vez, é uma condição mais ampla, multifatorial, geralmente reversível com apoio pedagógico. Identificar corretamente cada caso é essencial para garantir intervenções eficazes e evitar rótulos ou encaminhamentos inadequados.
O que é dislexia? Causas, sintomas e tratamento.
O que é dislexia? Dislexia é um transtorno específico de aprendizagem caracterizado por uma dificuldade significativa na leitura, escrita e soletração, que não é explicada por déficit intelectual, sensorial, motor ou por ensino inadequado. A dislexia afeta principalmente a habilidade de decodificar palavras, tornando a leitura lenta e imprecisa, com prejuízos na fluência e compreensão. Causas: As causas da dislexia são predominantemente neurobiológicas e genéticas. Estudos com neuroimagem mostram alterações na ativação de áreas específicas do cérebro ligadas ao processamento fonológico, à decodificação e à integração da linguagem escrita. Há forte hereditariedade, sendo comum observar histórico familiar com dificuldades similares. Sintomas principais: Os sintomas variam de acordo com a idade, mas geralmente incluem: Em idade pré-escolar: Atraso no desenvolvimento da linguagem oral Dificuldade em aprender rimas, músicas ou nomear cores Troca ou omissão de sons ao falar Em idade escolar (alfabetização): Dificuldade para aprender a ler e escrever Erros frequentes de leitura (trocas, omissões, inversões de letras) Escrita desorganizada, com ortografia instável Lentidão para copiar do quadro ou realizar tarefas escritas Dificuldade para associar letras aos sons correspondentes Em adolescentes e adultos: Leitura lenta, com esforço Dificuldade de compreensão leitora sob pressão Problemas na ortografia e escrita formal Idade do diagnóstico: O diagnóstico formal é possível após o segundo ano do ensino fundamental, geralmente por volta dos 7 a 8 anos, quando se espera que a criança já tenha tido acesso adequado ao processo de alfabetização. Antes disso, pode-se observar indicadores de risco, mas o fechamento diagnóstico requer comparação com o nível esperado para a idade e escolaridade. Avaliação psicopedagógica: A avaliação deve ser multidisciplinar, mas a atuação psicopedagógica é fundamental para mapear o perfil de aprendizagem da criança. Inclui entrevista com pais e professores, aplicação de provas operatórias e testes de leitura, escrita e consciência fonológica, observação da produção escrita e da fluência leitora, análise do ritmo de aprendizagem, estratégias compensatórias e autonomia. O psicopedagogo ajuda a identificar os padrões de erro, as dificuldades específicas de codificação e decodificação, e propõe um plano de intervenção adaptado. Tratamento psicopedagógico: O trabalho psicopedagógico com dislexia deve ser sistemático, individualizado e baseado em evidências. Envolve intervenção na consciência fonológica, associação entre grafema-fonema, segmentação e rima, exercícios de fluência e precisão na leitura, treinamento ortográfico com apoio visual e auditivo, uso de recursos multisensoriais, repetição sistemática e reforço das vias de leitura (fonológica e lexical), acompanhamento do desempenho escolar e orientação aos professores. O trabalho é focado no desenvolvimento de estratégias compensatórias, na construção de confiança e na ampliação da competência leitora e escritora, dentro do limite funcional de cada caso.